domingo, 30 de março de 2008

Peaches - "Can you handle it?"

A música sempre foi uma parte muito importante da minha vida. Se não fosse pela música eu não existiria. Não é exagero não. Eu estaria vivendo por aí, ocupando espaço no mundo, mas sem existir de fato. E o engraçado é que ainda hoje se alguém me pergunta de que tipo de música eu gosto, não sei dizer. Não tenho idéia! Mas é naquela canção, é naquele refrão, é naquele verso que, por uma fração de segundo, eu sei exatamente quem sou. Inacreditável.

Às vezes eu me surpreendo com o tipo de coisa que sou capaz de ouvir. E gostar. É o caso da "Peaches", cantora canadense do chamado electroclash (vertente do electropunk, que por sua vez é vertente do punk, não que isso realmente importe *-*). Suas letras são, na maioria das vezes, explícitas. E quando eu digo explícitas, quero dizer obscenas mesmo. A temática sexual está presente em todas (TODAS!) as suas músicas. Só que por alguma razão obscura^^, eu não consigo achar "Peaches" vulgar. Não dá. Suas letras são bem-humoradas e tratam a questão do sexo com bastante naturalidade. Ela é divertida, mesmo quando é sacana. E o melhor: em nenhum momento faz aquele esforço patético que muitas (MUITAS!) cantoras fazem atualmente pra parecer sexy. É um estilo que me agrada, e muito.
E olha que, ultimamente, tudo me parece pouco original.....


"Just fuck the pain away..." - Peaches

sábado, 29 de março de 2008

Victoria Francés

A internet é uma coisa incrível. É o berço dos artistas incompreendidos! Mas principalmente, dos artistas desconhecidos. Eu já me deparei com ótimos autores, desde blogueiros à escritores de fanfics (esses são meus xodós e merecem um post à parte ^^) e já faz algum tempo, buscando imagens interessantes na rede, conheci o trabalho da ilustradora Victoria Francés. Dentre suas obras principais está o livro ilustrado Favole (em três volumes), descrito em seu site oficial como "um canto ao romantismo gótico, uma história de paixões imortais narradas em imagens que ilustram a estética dos mais sombrios contos de fadas". E não poderia ter melhor descrição. Favole é exatamente isso. Um conto de fadas macabro.
E já que eu semprei acreditei que "imagem é tudo", fiquei bem interessada na obra da moça.
Favole é intenso. Com exceção de algumas imagens excessivamente carregadas (a Victoria tem uma leve obsessão com sangue escorrendo pela boca), é de uma beleza que contrapõe muito bem a delicadeza e o tom quase violento de seus personagens. E eu adoro isso. Como ser uma coisa só.... se você pode sentir tudo?


"Sumiéndose em su fantasía sonámbula y haciendo el amor en desenfreno continuado." Favole I

Belíssimo.

Favole se encontra disponível no site :
http://www.victoriafrances.es/web.html

quarta-feira, 26 de março de 2008

Autores - Emily Brontë


I'm happiest when most away


I'm happiest when most away
I can bear my soul from its home of clay
On a windy night when the moon is bright
And the eye can wander thru worlds of light

When I am not and none beside
Nor earth nor sea nor cloudless sky
But only spirit wandering wide
Thru infinite immensity.
 Emily Brontë - 1838

Nunca traduzi um poema antes. Nem pretendo fazê-lo tão cedo. Isso requer prática e muita experiência de leitura. No entanto, essas palavras têm um efeito estranho sobre mim. E ainda assim eu não sou capaz de falar sobre elas. Isso é tudo o que posso dizer:

Eu me encontro mais feliz quando distante. Porque só assim sou capaz de suportar minha própria alma. Em noites frias, quando a lua brilha e os olhos podem vaguear por mundos de luz.
Quando eu sou nada e ninguém ao meu lado. Nem terra, nem mar, nem límpido céu. Só espírito. Vagueando sem rumo pela imensidão infinita.


Esse poema me dói.

Só espero que a incomparável Emily Brontë não esteja se revirando no túmulo devido à minha tentativa *frustrada* de adaptar um de seus poemas. *_*


sábado, 22 de março de 2008

Yo no soy emo! Yo soy rebelde!

Eu não sei muito sobre a existência humana (Uia! *-*).
Eu não sei muito sobre os emos também. XDD
Exceto que é bastante divertido tirrar sarro deles. E "eles" não são você. Eles são eles. E estão lá longe pra que a gente possa apontar e dizer: "Olha lá que ridículo". Hum.... Rídiculo sou eu que ando por aí observando as pessoas. E sem saber, sou observado de volta. Mas é que às vezes.... ah, às vezes é tão bom ser ridículo.... O que seria dos lindos se não fossem os feios? Isso é de conhecimento geral. Pra você ver que, hoje em dia, os nerds nem querem mais se vingar.....
Então eu vou assistir "Jeca-tatu", ouvir Britney e colocar ketchup no miojo quando der vontade.... Porque quando eu cansar de ser "uncool", posso sempre dar uma de punk (sem all-star, claro! MATEM O ALL-STAR!), comprar uma spike e fingir que eu não ligo pro mundo e que nada me abala!

Ser poser é uma arte, meu amigo.

Amácio Mazzaropi - esse é o cara! XD


PS: esse post é dedicado à minha querida amiga Meiryelen (uma das pessoas mais diretas que eu conheço!) que me disse que o blog tava meio emo! Valeu, Meiry! Acho que eu sou um pouco de tudo mesmo! XD





quinta-feira, 20 de março de 2008

O charme do mau gosto

Sabe aquela coisa tão horrível que você simplesmente não é capaz de desviar o olhar? Um fato chocante, ultrajante, desprezível? É.... aquele acidente de moto com miolos espalhados pelo asfalto.... ou aquele crime hediondo ocorrido nas proximidades do seu bairro. É impossível ficar indiferente diante do grotesco. Ele fascina porque é um tapa na cara de tudo aquilo que acreditamos e seguimos. "O quê? O que aconteceu? Quem morreu? Trinta e seis facadas? Que horror! Mas quando foi isso? Mas quem era o cara? Nossa! Sério?"
Admita. O seu interesse está aqui.
Ontem me disseram que "Rambo" é um péssimo filme. (Ah, Jaques.... vai dizer agora que Rambo é um ótimo filme? *_*) Não vou. Mas também não vou dizer que é péssimo. Já que admitir que você tem um problema é o primeiro passo para a cura, vou admitir que eu costumava achar esse um filme ridículo. Qual é a do cara com a metralhadora?*_* Eu não tenho idéia. É simplesmente isso, ué! Um cara com uma metralhadora. "Ah, então não vamos perder nosso tempo assistindo essa porcaria, já que ela não contribuirá em nada para o desenvolvimento de nosso senso crítico...."
CUMA??? *_* É pra isso que você vai ao cinema? Pra desenvolver seu senso crítico? Eu vou pra viver tudo aquilo que eu não sou! Eu vou porque eu não suporto ser "eu" às vezes. Basicamente isso.
Fui com a Patrícia *a iluminada* assistir Rambo IV no cinema esses dias.... e ouvi Sylvester Stallone proferindo palavras que poderiam muito bem ter saído da minha cabecinha e até postadas aqui. Me identifiquei. (aff... não acredito que usei essa expressão....) De qualquer forma, percebi que Rambo sou eu, Rambo é você, Rambo é o mundo.... e eu não tô nem um pouco a fim de julgar o cara fortão com a metralhadora.... ele não tá preocupado em modelar minha mente e orientar minhas ações.... ele deixa isso a cargo dos filmes respeitáveis.
E assim, ganha o meu respeito.

"Quem são eles pra me julgar? Quem são eles?? A menos que tenham sido eu e tenham estado onde estive, eles não têm idéia do que estão falando!" (Rambo - "First Blood" - 1982)

terça-feira, 18 de março de 2008

Candy-colored nightmares

Já teve alguma vez pesadelos cor-de-doce? *_* Costumam ser os pesadelos mais dolorosos.... As coisas parecem tão vivas que chega a faltar ar..... de um cintilante sangrento. Por um breve momento, é possível acreditar que há alguma coisa de concreta no mundo. Porque as sensações mais intensas são aquelas que podemos praticamente tocar, e se podemos tocar..... tem que ser real (dói por ser tão simples?). Assim são os candy-colored nightmares. Mas se você acorda, o real não existe de novo.... e de novo... de novo.... A vida é um sonho e o despertar é que nos mata? Não sei nada sobre isso, Mrs. Dalloway. Mas se a vida fosse um pesadelo cor-de-doce, eu não me importaria nem um pouco de vivê-la. Na verdade, eu gostaria muito.


Por isso gosto tanto do Tim Burton. Seus filmes são candy-colored nightmares.... São de uma beleza que dói. Dói porque é intenso. E isso não se deve só ao estilo gótico supostamente adotado por ele. Ora bolas, eu nem sei o que é gótico! *_* O que eu sei (ou não) é que esses filmes me mantém dormindo feliz enquanto estou acordada, eles me iludem de que aquilo só pode ser a verdade. E a ilusão....meu Deus.... a ilusão é a melhor coisa que existe!!


Besouro-suco! Besouro-suco! Besouro-suco! ^_^




domingo, 16 de março de 2008

As bonecas de Dresden

Sabe aquela sensação de "tem alguma coisa estranha acontecendo aqui"? Pois é. Contínua. Eterna enquanto dura... E não é porque você está prestes a presenciar a 'verdade universal' não... ou porque está passando por uma experiência existencial (aff...). É paranóia mesmo.
"Eu não pertenço a lugar algum". Então né... só o fato de afirmar isso prova que você pertence sim... Eu sei que é chato... mas você não é especial.... desculpa aí... ^_^
Tem muita gente fora do ar por esse mundão de Deus e não há nada a ser feito (o quêêêê?? absolutamente nada???) Bom, aí eu não sei né. Mas já que eu sou um dos que estão "fora", vou me juntar à sua época sem ser convidada mesmo....
Se eu estou no endereço certo ou não, isso é o de menos.

PS: esse post é uma resposta à música "Girl Anachronism", da dupla "The Dresden Dolls". Amo de paixão esses dois, mas ouvindo essa música hoje... ela me pareceu meio ingênua.... *um bobo falando de ingenuidade? Parece conveniente.*


"Eu não acredito que haja uma cura pra isso. Então pode ser que eu me junte ao seu século como um convidado duvidoso". - The Dresden Dolls

sexta-feira, 14 de março de 2008

Sex Changes

De vez em quando o que é preciso mesmo é uma boa anestesia.... Mesmo que as coisas não saiam como o previsto, estando anestesiado, o sujeito é capaz de abrir seus grandes e redondos olhos e dizer: "Tudo bem". O problema é quando o efeito passa e o "quem sou?/pra onde vou?" surge das profundezas do abismo como um inquisidor enfiando o dedo na sua cara e dizendo: "Viu o que você fez?". Sim, eu vi. Pequei. Robei, menti e matei. Mas acima de tudo, me perdi. E quando há volta (e geralmente há), tudo está mudado.
Picasso disse: "Eu não procuro, eu encontro." Pois eu não procurei nem encontrei nada. (Óbvio, não Jaques? Como quer encontrar sem procurar?) *_* Hum... E quem disse que eu quero encontrar?
- Ah, você quer sim.... não negue.

Jacqueline aux mains croisées (Jacqueline com mãos cruzadas)
Picasso - 1954

Essa Jacqueline tratava o senhor Picasso como a um rei e o chamava de "meu senhor", no entanto, é retratada nessa obra com a postura firme e o olhar seguro.
Ainda assim.... quem me dera ser Picasso às vezes.... e não Jacqueline.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Moda Harajuku

Em janeiro de 2000, uma comissão do governo japonês publicou um relatório que resumiu as principais metas para o Japão no século XXI, concluindo que a cultura japonesa dá valor demais à conformidade e à igualdade, apontando como exemplo os uniformes azuis-escuros idênticos usados pelos colegiais japoneses, que encobririam qualquer traço de individualidade.
Penso eu que os jovens não receberam o memorando.... ou receberam e levaram tão a sério que piraram de vez na busca pela individualidade. E já que a loucura depende muito dos olhos do louco que vê, eu vejo aqui uma piração muito da interessante.
Já que é pra ser diferente, vamos chutar o balde! E dar um nome pra isso.

Harajuku Fashion



Já dizia um antigo ditado japonês: "Prego saliente, o martelo ajeita." A não ser, é claro, que eu entorte esse prego de tal forma que não haja como endireitá-lo! A moda Harajuku entorta o prego até o limite da insanidade!

(Que besteira foi essa agora? Insanidade tem limite? *_*)

Mas já que entortar faz bem pra alma (pelo menos pra minha), eu não reduziria esse estilo à batida rebeldia (vide post anterior), mas à uma forma mais que da hora de aceitar a relatividade das coisas (quê?). É, sabe.... ^_^ eu posso ser o que você acha que eu sou.... ou não.

terça-feira, 11 de março de 2008

Quebrando as regras do mundo real?

Se o real não passa de uma interpretação (não importa o que o babaca do Morpheu diga), como poderíamos quebrar suas regras? Para quebrar as regras do mundo real eu tenho que acreditar num mundo real, certo? Ou pelo menos ter uma idéia muito clara do que esse mundo seja (clara na minha cabecinha, logicamente). Nesse sentido, a rebeldia não passaria de uma briguinha boba consigo mesmo. Eu me rebelo contra aquilo que eu mesmo acredito e não pelo que eu acredito. É assim que eu percebo as coisas às vezes..... tanta tolice. But again, só um tolo pra divagar tão longa e chatamente sobre as bobagens do mundo....


Jaques: "Ei, mestre Gato! Que caminho devo tomar?"


Mestre Gato: "Isso depende do lugar onde deseja ir..."

Jaques: "Isso realmente não importa....contanto..."

Mestre Gato: "Então não importa que caminho tomar."


The Fool


"Abandona tua presa, quando a grande roda correr por uma colina abaixo, a fim de que não quebre teu pescoço por quereres segui-la; mas, se a grande roda estiver subindo a colina, deixa-te arrastar atrás dela. Quando um sábio te der um conselho melhor, devolve-me o meu. Só queria vê-lo seguido por patifes, visto que um bobo o está dando."